domingo, 6 de maio de 2012

10 ou mais.


Você se engana tão completamente, não é mesmo menino? Que chega a acreditar, fielmente, que me ama. Mas é uma farsa, tu nunca me amou de verdade, qualquer um pode ver pelo jeito como pouco importa pra você os meus sumiços repentinos, ou as minhas lágrimas constantes, qualquer um pode ver que nunca foi amor, porque o teu sorriso nunca se alargou ao me ver entrar e teu coração nunca se acelerou quando colado ao meu estava teu peito. E tu continua dizendo que sou eu, sou eu a dona dos teus suspiros, sem se dar conta que está forçando isso, sem se dar conta que você não pode admitir que não me ama e por isso se engana, você continua com medo de variar, com medo de assumir que não sente mais nada quando está em meus braços, ou que nunca sentiu, medo porque não quer ter que sair pela porta em busca… Em busca de algo que não sabe o que é, medo porque nunca gostou do desconhecido, nunca gostou do incerto… Por isso nunca fui eu, eu sempre tão perdida, tão desconcertada, eu sempre tão oposta, nunca consegui despertar nada em você, nunca consegui te fazer entender que não se constrói um amor com mentiras, ainda mais com mentiras á si mesmo, não consegui te fazer entender que nem se constrói um amor, ele apenas… É.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

o ultimo som, é o melhor som.


Eu tive que viver te implorando para dividir tuas coisas comigo, teus sonhos, teus medos, tuas dores, enquanto tudo que eu era, tudo que eu tinha, vivia exposto aos teus olhos, era tudo nu para que você pudesse me conhecer, pudesse me querer pelo que eu era, pelas coisas que eu mantinha. E nós nunca chegamos a conversar sobre como eu me sentia, mas todos os dias eu perguntava tudo sobre você, ficava tentando te fazer abrir tua vida, me dar um espacinho, me acolher. Hoje é nítido para mim, não adianta só doar, eu também sempre quis colher, por isso te pressionei tanto, te apertei tanto, simplesmente porque eu te dei tanto, que só me restou querer, mas estava em suas mãos, nem tudo que eu queria eu poderia ter e eu nunca tive você, por completo, em aberto, nunca tive você, talvez porque eu errei, talvez porque não devia ter me dado tanto, ou apenas porque o que tu guardava ai dentro era tão assustador, que eu nunca conseguisse compreender.

entre as estações.


“Amanhã, teremos chuva durante todo o dia na capital…”

Flip.

“If I could just see you… Everything wold be all right…”

Flip.

“Hoje no Momento Paixão Nativa, a história de amor a distância…”

Flip

“Ainda acho que Eduardo e Monica, foi a melhor retratação do amor…”

Flip.

Desisti de zapear pelas estações do rádio, assim como alguns minutos antes havia desistido de ver TV… O dia chuvoso que estava por vir, a nossa musica, a história de amor a distância que provavelmente deu certo, o teu nome. Tudo no mundo, tudo aqui ao meu redor, tem um pouquinho de você, só eu que não, só comigo que não sobrou nada do que você foi, você fez questão de levar tudo embora. Embora.

Nos últimos dias eu dormi no sofá, pois a cama tinha muito do teu cheiro e eu nem sei trocar lençol, mas hoje pela manhã eu acordei na nossa cama, depois de doses de vodka (eu sei que vodka não ajuda exatamente a esquecer, eu sei) e fitei o teto, finalmente, depois de anos, eu poderia levantar sem peso na consciência, poderia saltar da cama, escovar os dentes e ir pro trabalho com a minha camisa amassada, não precisava mais ficar enrolando na cama com medo de me mexer e acordar você que dormia no meu peito, não precisava mais ficar com dó de te tirar do seu sono profundo, mas mesmo assim eu cheguei atrasado mais uma vez no trabalho, cheguei atrasado porque preferi te relembrar um pouquinho. Ou muito.

Sabe, ontem quando eu cheguei no escritório e tua foto estava em cima da mesa, o teu sorriso me doeu e eu olhei ele por 23 segundos, depois guardei o porta-retrato na gaveta e suspirei ao me dar conta que eram exatas 122 horas sem sorrir. As pessoas do metrô me olhavam de modo estranho, eu cheguei a imaginar que elas podiam ver o quão triste eu estava por dentro, mas só quando cheguei em casa percebi que havia passado o dia todo com a camisa do aveso e sorri, quebrei o ciclo e logo em seguida te escrevi um poema. Rimei teu nome com unica.

A coisa de escrever poema virou rotina, sentir saudade virou normal… Eu senti tua falta e li teu nome no jornal durante longos dias, eu até cheguei a chorar, eu fui covarde, fugi das evidencias e quis negar que a vida te esfregava na minha cara, mas não pude negar que os meus atrasos, as minhas loucuras, as camisas ao avesso, os poemas, as contagens de quantas horas fiquei sem sorrir… Tudo isso era você, não consegui fugir do fato de que eu sinto saudade e mesmo com a minha vida se tornando cada vez mais suja sem você, eu não consigo pegar a droga do telefone e te ligar, sabe por que? Porque um dia você me disse que é muita burrice correr atrás e eu lutei tanto pra te provar que não sou burro, por que agora? Não sei, só sei que eu queria que fosse agora, agora que o telefone tocasse e você dissesse que é burra, que é tola, que é… Minha. Talvez minha só agora, por 4 minutos, mas minha.

domingo, 6 de novembro de 2011

Quem é você?


Ele estava em um banco, com os cotovelos apoiados no balcão do bar. Ela abriu a porta, era pequena, mas sempre fez ele sentir coisas enormes.
Trouxe?
(Ela colocou os dedos no ombro dele e pode sentir a corrente elétrica percorrer seu corpo)
Trouxe.
(Ele indicou com os olhos o violão jogado no chão)
Então eu vou indo!
Não quer beber?
Não afogo minhas magoas.
Você não tem.
Talvez enquanto tinha você, não mesmo.
Ainda me tem.
Você foi só mais um, mais um que transformou meu céu azul em cinza e nunca conseguiu se doar. Nunca tive você, só teus restos.
(Os dedos dele tocaram o rosto dela)
Cinza também é importante.
Mas eu já não sou mais!
Você ainda é mais, mais que as outras, mais que tudo aqui.
Eu vou embora.
Não foge, me leva com você. Me leva daqui, de mim.
Por que? Pra que?
Porque eu ainda quero mais... Quero você!
Eu vou embora.
(Ela pegou o violão e passou a alça em um ombro)
De novo?
Vou
(Ela caminhou na direção da porta.)
Ei, não conta pra ninguém, mas eu senti saudades.
(Ela sorriu enquanto o vento batia em seu rosto)
E eu ainda sinto, te sinto.
(Ele não podia mais ouvir)

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

É ilusão.


E quando você virou a esquina, fiquei me perguntando se um dia nos veriamos de novo, para tomar um café, fiquei imaginando se você ia tirar o aparelho e se suas espinhas iam sumir, fiquei ali, parada, olhando pro vazio daquela rua, querendo que você aparecesse de novo e me convidasse pra ir na tua casa, assistir um filme, jogar vídeo game, mesmo que demorasse, sei lá, uns 10 anos para isso acontecer.
Só que depois de um tempo percebi que o que eu queria era burrice, eu não podia esperar 10 anos pra te abraçar de novo, porque eu estaria abraçando o estranho que você se tornou na minha ausência, estaria abraçando alguém que não seria mais meu, que não dormiria mais na minha cama, nem tomaria todo o meu toddy de manhã e isso seria idiota da minha parte.
Foi por isso que corri atrás de você, naqueles mesmo instante, por que esperar? Se eu posso sentar e tomar um café com você hoje mesmo, se eu posso dormir com você sempre que quiser, por que esperar se eu posso te amar?

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A dor é minha.


Oi, não chora, por favor, não deixa essas coisas te tirarem o foco, fica firme, fica bem! Nunca foi tão difícil, eu sei, mas você sempre foi forte, então continua, tá? Continua até encontrar a felicidade, ou a estabilidade, que seja, mas continua.
Eu deixo você deitar no meu ombro, eu deixo você me ligar de madrugada, eu deixo você descontar a raiva em mim, mas não chora, não faz isso com você, não faz isso comigo.
Se quiser eu imploro, se quiser eu ajoelho, mas se quiser também eu vou embora, só não derrama nenhuma lagrima, para de regar a dor, para de matar a sede da tristeza com suas gotas, salgadas e amargas gotas, quem sabe assim elas não morrem? Quem sabe assim você não vive.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Um toque, dois toques. Alô!


Toda vez que toca o telefone, eu penso que é você.
(Engenheiros do Hawaii)


Nunca pensei que ia esperar, entende? Sempre achei que ia querer seguir o mais rápido possível, dar continuidade na minha vida, te esquecer, mas hoje eu percebo que eu não quero, não quero seguir em frente e ver você ser parte do passado, não quero ir embora, ir por outros rumos e ver você ficar pra trás, eu ainda sinto vontade de me aninhar no sofá ao seu lado, sinto vontade de voltar no tempo, fazer de você meu forte, me esquecer só pra te lembrar.
Tudo nessa casa me lembra que eu não quero conhecer o que vem pela frente, tudo aqui me lembra do quanto eu quero voltar e esbarrar de novo em você, segurar de novo sua mão, beijar de novo sua boca, tudo aqui me lembra que eu quero você em tudo e cada migalha pela trilha me guia até sua vida, mas mesmo assim não quero ir embora, não posso abandonar a nossa casa.
Eu não vou te pedir pra voltar, como prometi que não faria, mas vou deixar claro que parei aqui e vou esperar, eu sei que um dia você vai vir e tudo vai se resolver, eu sei que um dia suas mensagens vão voltar a chegar, seu sorriso vai voltar a iluminar as paredes do nosso quarto e eu vou poder dizer que esperar vale a pena, mesmo quando a gente pensava que seguir era a melhor solução.