domingo, 27 de março de 2011

Coxas, joelhos, fins.


Eu quase morro quando diz que pra você sou diferente, já te fiz feliz.
(Manu Gavassi)




Meu coração disparou, daquele jeito natural de sempre, minhas mãos não tremeram, mas era porque as suas estavam sobre as minhas, apertando de forma doce. Seus lábios tão beijáveis estavam um pouco proximos demais, era perigoso e enquanto sua voz saia, eu fazia um esforço maior pra poder entender o que você queria dizer, porque com toda aquela proximidade do seu joelho com a minha coxa eu estava desconcertada.
"Você sabe que todas aquelas garotas juntas, não dá uma como você, você sabe" sim eu sei, pensei sem poder dizer, porque naquele momento sua boca parecia mais beijável ainda, melhor que nunca esteve "E você também sabe que você é unica, a unica que merece amor de verdade" Sim, eu sei, mas não posso te responder agora porque seu joelho roçou na minha coxa, e me subiu um frio irreal pela espinha "Mas você também sabe que eu não sou o cara certo, não posso ser, você me fez feliz, você é diferente, você merece algo a mais" Sim, eu mereço, mas é que agora estou muito ocupada sentindo sua mão sobre a minha.
E depois disso você levantou e foi embora, ai então meu coração desacelerou, se tornou morto, minhas mãos tremeram e eu me senti tão sozinha, ai então eu pude ouvir com clareza tudo aquilo, eu sou boa demais, por isso você teve que ir embora, isso não é incrível? Não, por que como eu vou viver sem seus joelhos no fim das contas?

sábado, 26 de março de 2011

Figuras, motivos.


O que vai ficar na fotografia, são os laços invisíveis que havia.
(Leoni)




Ele a fez prometer que o amor deles nunca seria somente uma fotografia, velha e desbotada, ela prometeu, mas sempre existiu aquela vontade de ter ao menos uma foto dos dois juntos, pra lembrar o momento, então bateu uma foto escondida, só uma, que mal poderia fazer?
E depois de tanto tempo, sentada ali, com apenas uma fotografia nas mãos, ela percebeu que quebrou a promessa, porque no final o amor tinha se convertido em nada mais, nada menos que um retrato.
Aos poucos, podia se notar então que tudo fazia todo sentido, ela foi quebrando as promessas, uma a uma, desde a da foto, até a de que o amor deles seria amor na saúde e na doença, na alegria e na tristeza e era somente por isso que não restava mais nada, porque ela não podia manter as promessas, então ele era obrigado a fugir pra não ver tudo se quebrar.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Chama.


"Veio de manhã molhar os pés na primeira onda, abriu os braços e se entregou ao vento..." (O teatro Mágico)




Anos depois e então a coragem veio e ela foi, de manhã bem cedo, a passos largos, afinal havia pressa. Antes da primeira onda, ela já estava lá parada e pronta, abriu os braços, sentiu. Ia dar medo logo no fim? Não, ela não ia desistir.
De braços abertos ela caminhou na direção do mar, ela queria morrer ou voar? Voar, mas tudo que ela conseguiu foi andar, em frente, encarando a imensidão, olhos nos olhos. Antes que seus pés tocassem a água, Anna olhou pra trás e derrepente, não mais que de repente, tinha virado estatua de sal, sal do mar na sua frente e Ana sorriu, seu velho sorriso.
Um passo atrás, lembranças da primeira vez que viu o mar, como boa mineira que era ficou impressionada. Dois passos atrás, as imagens vieram-lhe na mente, nítidas, a primeira vez que levou a filha a praia.
Quatro passos Anna, já pode se virar e viver, andar de volta ao calçadão e sorrir pra tudo, pra nada, feliz, porque o mar te deu o maior de todos os presentes: A vontade de viver.

Enfim, sol.


Tem sol lá fora.
Não importa.
Fala sério, não dá pra ficar trancada aqui o tempo todo.
Não importa.
E o que importa?
Nada importa.
Ele importa, caso contrario você não estaria ai.
Não importa.
E se eu disser que você deveria importar?
Não importo pra ele.
Mas importa pra mim.

Tu, tu, tu, tu.


Me ligou, só pra dizer que me amava e desejar boa noite, talvez pra não perder o costume, apesar de saber que nada pode ser como antes, eu atendi e vou continuar atendendo, até o dia que você cansar de fingir que se importa comigo e enfim, poder ir encher a cara, fumar e beber, enquanto joga truco.
Eu sei de tudo, porra, foram DOIS anos, te conheço bem, talvez melhor quer você mesmo se conhece e eu sei que você só está tentando me fazer ficar bem, mantendo a rotina de ligar sempre, de se fingir presente, mesmo que tudo tenha chegado ao fim, eu sei, sei que você não se importa de verdade, mas não pode me deixar na mão.
E não acho digno, só acho que é pior assim, porque você está perdendo seu tempo, me fazendo perder o meu e no entando, os dois sabemos, que aqueles email's me convidando pra tomar café com você e seus amigos, não passam de piedade e só acontecem porque você sabe que eu não vou.
Não vou ir olhar pra você com a sua secretaria, nem vou ir fingir que sou sua amiga, porque eu não sou, não sou sua amiga, sou sua ex, sua quase, sua nada talvez, mas amiga não e mesmo que você me ligue pra dizer que me amava e desejar boa noite, nada vai mudar.

sábado, 19 de março de 2011

Troco os pronomes.


" [...] Te fiz comida, velei teu sono, fui teu amigo, te levei comigo..."


Para que fosse para sempre, ela escreveu em uma folha qualquer que significava muito:


Coloquei comida na tijela do Bob, mas a noite quando chegar não esquece de reabastecer, fiz café, comprei o pão e deixei tudo pronto em cima da mesa, pensei em te acordar pra me despedir, mas acho que a nossa noite de amor já valeu. Então é isso, adoraria escrever "até logo" aqui, mas não posso, mentir assim é falta de amor próprio, vou escrever então da forma correta "até quem sabe, um dia" e me desculpe, pelos palavrões, pelas vezes que te arremessei pratos por ter chegado tarde e saiba que eu ainda quero que você me cante, talvez agora que eu não estou mais aqui pra sugar todo seu tempo, você me escreva em uma canção. Fica, porque eu me despeço, assim.

Com amor, que não existe mais, Paula.






" [...] E me diz: Pra mim o que é que ficou?" (Legião Urbana)


sexta-feira, 11 de março de 2011

Ao menos.


Quem é de verdade nesse teatro da vida? Não, nem eu, me finjo de louca pra não ter que abraçar o mundo, fecho meus olhos e fim, fim temporário ao sentimento, porque sentir dói demais. Quem vai te surpreender quando você tiver conhecido todas as esferas da vida? Não, nem eu vou me dar ao trabalho de me fazer lúcida pra cuidar de você, prefiro ficar quieta, abraçada aos meus proprios joelhos, porque viver dói demais. Quem vai com você até o outro lado da avenida? Não sei, nem eu sou tão boazinha pra ajudar os velhinhos a atravessarem, porque fingir dói demais.
Mas sabe o que mais dó? Ser, ser humano, isso me dói, viver a cada nova manhã sabendo que é tudo uma grande mentira, que não existe mais surpresa e que ninguem pode te ajudar, saber que ao acordar só resta você e Deus e que apesar de isso tudo te bastar, te preencher, é necessario mais um abraço, braços, alguem, um humano, que vai te machucar, mas que por algum momento vai estar lá, ao menos um momento.

Sente-se tudo.


Existem coisas que não se sufocam por muito tempo, por isso quando menos se espera tudo está vindo a tona, emoções, ilusões, o que se pensa na verdade, no oculto e qual o preço a se pagar por tudo? Tudo, exatamente esse o preço, recomeçar tudo, de um novo modo.
Acho que estou dizendo tudo isso pelo simples fato de que muita coisa saiu das sombras e saltou na minha frente, abrindo os braços, sendo verdade enfim, muitas pessoas que eu amava, posso dizer amava não amo mais, me magoaram e mostraram aquilo que elas realmente são, não aguentaram o teatrinho, a farsa por muito tempo e eu estou aqui agora, pagando o preço de saber a verdade.
Depois das lágrimas, tudo ficou mais claro, as pessoas menos pessoas a cada palavra e eu, segura do que eu quero, recomecei, assim, sozinha mesmo, sem ter ninguém pra me acompanhar a cada novo passo, mas recomecei e quer saber? Ser inteira de novo, ser tudo de novo, não é nada ruim, muito pelo contrario, esse gosto fresco do novo me embriaga, me faz bem e então percebo que esse é o motivo pras verdades não ficarem sufocadas por muito tempo, pra que as pessoas possam se [re]completar.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Saudade do meu passado, não tenho*


De certa forma tudo sumiu, por alguns dias, dei sorte de ter um feriado pela frente pra pensar depois da nossa briga, foi melhor pra mim poder ficar longe, pra decidir que não dá mais pra fingir que você passou, sendo que ainda está por perto, decidir que não vou mais escrever sobre você. O que estou fazendo? Escrevendo, sim, sobre você, mas considere como uma despedida, sem adeus, lágrimas, abraços, sem você nem saber que essa despedida existe, mas uma despedida.
Vou escrever aqui, com todas as letras, que é pro meu coração entender: ACABOU, sim, hoje, agora, eu sei que faz quase dois anos que nosso namoro acabou, mas estou falando da burrice, daquela doçura de garota apaixonada, essa acabou de morrer aqui dentro e quer saber? Não dói matar os sentimentos que te fazem vulnerável e pequena, não é ruim querer ser forte, ser maior, não é, não é e eu peço a Deus que amanhã, quando te encontrar, continue não sendo.








*: Trecho da musica Sal - Salz Band

Amado da minha alma. *


No dia em que achei Deus, encontrei a paz e ao mesmo tempo percebi que de certa maneira não haveria mais paz para mim. Descobri que a paz interior só se conquista com o sacrifício da paz exterior. Era preciso fazer alguma coisa pelos outros. O mundo está cheio de sofrimento, de gritos de socorro. Que tinha eu feito até então para diminuir esse sofrimento, para atender esses apelos? Eu via a meu redor pessoas aflitas que para se salvarem esperavam apenas uma mão que as apoiasse, nada mais que isso. E Deus me dera duas mãos!



(Erico Verissimo)







*: Trecho de uma musica do Gabriel Duarte, que no momento me fugiu o nome, mas que não saiu do meu coração desde ontem.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Combinamos.


-Você é de Virgem?
-Sou. E você, de Capricórnio?
-Sou. Eu sabia.
-Eu sabia também.
-Combinamos: terra.
-Sim. Combinamos.

(Caio F.)