sexta-feira, 29 de abril de 2011

Final feliz.

O nosso final feliz nunca chegou. (Catch side)



Vem, senta aqui, vamos fazer tudo isso parecer um final feliz, diz com a sua melhor voz rouca o meu nome pela ultima vez, me da um abraço de amigos, sorri, faz parecer que está indo embora só porque não dá mais certo.
É que vai doer mais se você sair assim, depois de brigarmos por um motivo tão bobo, depois que eu dei essa crise de ciúmes horrorosa e te chamei de infantil, vai doer saber que tudo acabou mal e que provavelmente você não vai mais querer olhar pra minha cara, então vamos fingir.
Olha, é o nosso fim, então não custa, só finge pra mim poder abrir os olhos mais rapido depois de tudo, só finge um pouco, diz que a culpa é sua, que eu sou areia demais pro seu caminhão, por favor, vamos fingir que isso é um final feliz.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Números romanos.


Quem já perdeu um sonho aqui sabe o que é decepção
Só quem já perdeu tudo o que tinha pode entender.
(Hateen)



João sentou na mesa de sempre, do café de sempre, com as mãos afundadas nos bolsos do casado e o coração inundado na caneca de café que estava cheia, desde que o garçom trouxe.
Ela foi correr, vestida com o moleton largo dele que usava sempre pra dormir, não pretendia, mas foi direto na direção do café e olhou pela vitrine, ele estava lá e seu coração se sufocou daquele jeito agridoce e triste, pobre Paula.
E ele resolveu tocar violão, ali, no café mesmo, tocou a canção que mais lembrava Paula e enquanto cantava: "Minha blusa favorita fica melhor em você"*, percebeu que ela era isso ai, ela era destoante do seu mundo, que ficava bonita de azul-marinho, como ele nunca ficaria, que ela vestia roupas dele e ficava bem, como ele nunca ficaria e ele nunca ficaria feliz ao lado dela, porque Paula e ele não foram feitos pra ficar.
E Paula foi pra casa e se afundou na poltrona e chorou, não por ele, era porque ela percebeu que nunca quis ser cantada, que já bastava se ver nos próprios textos e se não queria mais ser cantada, não queria mais João, o cantorzinho, ela se bastava, porque ela tinha a capacidade de colocar um ponto final, mesmo que através de um bilhete, como ele nunca seria capaz, ela saiu e foi embora, sem saber onde morar, como ele nunca faria e ela viu que eles não foram feitos um pro outro e só restava saudades do Bob, ah Bob!





*: Felipe Smu - Sonho de inverno



terça-feira, 19 de abril de 2011

Be.


Eu penso assim se você gosta de mim
Será que alguns quilômetros, vão importar
(Manu Gavassi)


E eu gosto tanto de você, mesmo sem nunca ter te tocado, mesmo sabendo que você está muito longe e que provavelmente nunca vamos nos ver. Eu sei das promessas que eu mesma me faço, de um dia fugir e ir te encontrar, só que quais são as reais chances? Nenhuma, eu só tenho 16 anos, ninguém vai me deixar ir pra outra cidade, encontrar um cara que eu insisto que amo e quando eu for maior de idade, acho que esse amorzinho virtual já vai ter passado, alias, espero que sim.
Você é tudo aquilo que eu queria, mas tem um defeito muito grande: Você mora tão longe e nas noites escuras, quando preciso de um abraço, você não pode estar aqui e também não é só meu, é tão do mundo que me doi e mesmo assim eu insisto que te amo.
E logo eu, que nunca acreditei em amor a distância, estou aqui, escrevendo sobre você, você que está tão longe e que sempre me fala coisas tão bonitas. Acho que agora eu acredito.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

E ninguém cala!


Sou daqueles que explode ao ver, tua estrela surgir.
Sou inconstante como você, identificado com a tua historia, talvez por isso, te admire tanto. Se quer facilidade faça outra opção. Somos como o preto e branco, unidos pelo tempo em qualquer direção. Somos explosivos, te deixamos pra trás a cada decepção e segundos depois, conseguimos te amar ainda mais. Gostamos de você por você ser assim, unico. Você pode não ser de todos, mas enquanto eu viver, será sempre meu, Botafogo.


(Kaká Reis)

domingo, 17 de abril de 2011

Descansar, descansar.


Mãos procuraram papel p
ra tentar escrever o quanto eu amo você,
Pra mandar um bilhete assim:
Todos os meus beijos são só pra você
(Fresno)




Você vai me encontrar?
Ela leu o bilhete, se concentrando pra entender a caligrafia horrorosa dele, mas sorriu.
Se meu namorado não vier me buscar, vou sim.
Que loucura, ela conhecia ele a uma semana e já estava tão perdida e apaixonada. Aula de português e ela não prestava atenção em nada.
No intervalo agente se fala.
Aquele coraçãozinho burro que se derretia desde o momento que ela viu ele pela primeira vez e sentiu vontade de deitar no ombro dele, nunca tinha sentido isso antes, se remexia.
Eu quero namorar você.
Ela também queria, afinal o beijo no intervalo foi tão maravilhoso, o lábio inferior dela sangrava e todos os alunos ainda faziam piadinhas ridículas sobre os dois se agarrando na escada, mas ela estava feliz.
Não sei, você que sabe.
Ela tinha namorado, mas quem pensa nessas coisas quando o garoto mais fofo do mundo te pede em namoro? Ninguém, suponho. Deitou em seus próprios braços e dormiu durante toda a aula de artes, sentiu ele cutucar de leve suas costas e dizer 'Nossa, ela dormiu mesmo', mas ela não dormiu, só estava em outro lugar.
Agente vai ficar por um tempo, ou namorar?
Ela sorriu, queria namorar.
Você que sabe.
Queria beijar ele, devorar ele.
Por mim, agente namora.
E eles eram namorado, finalmente, ela tinha outro namorado, mas sem problemas, no final da aula ele viria busca-la e ela terminaria, porque ela queria sentir o gosto de sangue dos seus lábios mais vezes e fugir, de mãos dadas, pra escada e deitar no ombro dele e ser feliz, mesmo que só por uma semana.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Aperta.


Alagoas, 14 de abril de 2011


Leonardo,

Cheguei hoje a tarde, que aperto essa historia de ir embora, tantas malas, tantas coisas, tantos sorrisos que ficaram pelo meio do caminho, mas mesmo assim cheguei e vou viver, quem sabe não era exatamente isso que me faltava.
Sabe muita coisa mudou, na integra, desde aquele dia que te disse que ia embora, que ia tentar em outro canto e você apenas me desejou boa sorte, disse que tentar de novo é sempre bom. Tenho que concordar, é sempre bom, mas eu queria que quando eu contasse que estava indo embora, o amor reacendesse e você pensasse em como ia ser difícil sem mim, mas parece que não né?
Olha, primeiro para de ser tão condescendente com as mentiras desse seu mundo sujo, olha um pouquinho só pra frente e aprende um pouco com as coisas que a vida esfrega na tua cara. Olha pra mim, só por carta mesmo pra te dizer essas coisas, mas é isso mesmo, muda um pouco, por favor.
Se cuida enquanto o trem passa por você e se um dia, se sentir pronto, embarque no vagão, mesmo que seja o ultimo, mas não deixa o trem passar por inteiro sem você se decidir, porque a vida não volta atrás.
Eu preciso dizer que te amo? Que aperta? Não, acho que não.


Com amor, Luana.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Modificou.


Vem que tempo pode afastar nos dois,
não deixe tanta vida pra depois.
(Roberto Carlos)



E muita coisa errada nessa historia, tem tanto sentimento fora do lugar e eu até tento, sabe? Só que parece que você prefere assim, tudo desconexo do jeito que está agora.
Eu queria te abraçar, de verdade e sentir o cheiro do seu pescoço, repetir no seu ouvido tudo aquilo que eu disse para minhas amigas que ia te dizer, mas não dá, você não me dá brecha, se fecha no seu mundo e o meu mundo? O que eu faço com ele?
Desculpa a pressão, mas faltam apenas oito meses, não é muito e você sabe, alias, não é nada e toda vez que olho pra trás e vejo que três anos se passaram, sem que agente se resolvesse, me aperta aqui dentro, por que falta tão pouco pro nosso prazo acabar e depois, depois não vai mais existir depois.
Não vou te ter toda manhã, nem morrer de rir com suas piadas e você não vai ter na barriga de quem fazer carinho, ou até tenha ai no mundo, mas pra mim, infelizmente, não dá pra substituir uma vida toda, por pessoas do mundo, não, não dá, quero você, te ter e não te imaginar e espero que você volte, antes que acabe.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Cantar.

I've never felt this way before
Everything that I do, reminds me of you
(Avril Lavigne)



Presa entre as estações de um metrô qualquer, desejava poder sentar ao lado dele, ao menos uma vez, ouvir sua voz de perto, não cantando, como sempre, pedir pra ele ensinar a ela como tocar guitarra, dizer que sempre que tocava violão pensava nele.
Presa entre as estações, inverno, verão, mal sabia, desejava poder abraçar ele, pelo menos pra sentir seu perfume, repetia pra si mesma que era loucura se apaixonar por ele, mas no fundo, não se importava em parecer um pouco louca.
Presa, na certeza de que em algumas horas estaria perto dele, mas mesmo assim estaria presa a sua cadeira, afundada, inutilmente tremendo de medo, desejando que ele viesse, falasse com ela, inutilmente presa em alguém que não sabia que ela existia, em alguém que só cantava pra outro alguém.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Azul-marinho


A música que eu fiz pra você lembrar,
dos momentos que a gente prometeu não esquecer.
(Felipe Smu)



E dedilhava no violão, aquela canção que compôs pra ela quando a viu pela primeira vez, sentada, frágil, vestida toda de azul-marinho e ele não tinha nem ouvido a voz dela, nem a visto sorrir, mas já sentia. E respirou fundo, lembrando que nunca teve coragem de mostrar a musica pra ela, com medo e ela foi embora, pensando que ele nunca compôs pensando nela.
Desistiu de ficar ali, foi cozinhar, cuidar do cachorro e sentiu que estava afundando em si mesmo, por isso desistiu e foi se afundar nas cobertas, pegou o celular e escreveu uma mensagem pra Paula, não enviou, levantou, escreveu um Email, não sabia o que dizer.
Andou de um lado ao outro, amava e não sabia assumir, desejava um abraço dela e mesmo assim preferiu se buscar antes de ir em busca.



sábado, 9 de abril de 2011

Paralelepípedo

É sempre amor, mesmo que acabe, com ela aonde quer que esteja. (Bidê ou balde)




E Paula chutou o paralelepípedo antes de se render e se sentar no meio-fio da calçada. As malas empilhadas ao lado e o coração entulhado por dentro, ela tinha vontade de ser digerida, mas antes mesmo de ser devorada, já se sentia cuspida.
Paula saiu cega, ciumenta, batendo a porta se esquecendo de trancar, se esquecendo de procurar um lugar pra morar, esquecendo que todo dinheiro que tinha estava na conta-conjunta com ele.
Pegou o celular e viu duas ligações perdidas, dele, escreveu uma mensagem:
"João, fui, acho que você já percebeu, vou pegar metade do dinheiro na conta, só quero te avisar. Me consumi todos os dias enquanto estive com você e agora não estou mais e mesmo assim me sinto consumida pela vida. Paula."




sexta-feira, 8 de abril de 2011

Ver.


Dreaming about the day
When you wake up.
(Taylor Swift)



E ai ela te ligou e você atendeu, estava do meu lado e atendeu, foi falando e sorrindo e eu fui embora sem você perceber, chorar baixinho de amor.
Quando ela não está você me abraça, cuida de mim e aperta minha bochecha, você é bom e eu fico esperando, porque eu sinto que preciso te esperar.
E ela te liga só pra dizer que comprou uma lingerie preta pra usar pra você e mesmo assim, te vejo interromper nosso papo animado sobre Clarice Lispector e Kurt Cobain e sorri pras bobagens que ela fala, um sorriso maior que o que você dava pra mim.
E você é tão dela que me envergonho de te querer e abro meu diário e só tem seu nome e abro seu coração e só tem o nome dela.

Fruto


E sua camisa estava amassada e seus cachos bagunçados e o boné te deixava parecendo um qualquer e suas costas estavam curvadas, seu sorriso era amarelo, nos dentes, no formato.
Sua letra estava mais feia e o seu corpo mais magro, seus dedos me gelavam, sua voz parecia esganiçada, meu coração estava igual meus sonhos com você, quebrado.
E eu te queria como amigo, pra dizer pra você não se preocupar e ver você se aliviar de mim e do meu amor doente. Você sorriu e eu não senti nada, olho e te vejo, não te sonho, acho que não existe mais aqui, entre nós dois, o fruto do sexo entre a Pobreza e Recurso, não mais.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Café quente.


E sem brigar, sem nem chorar, ela disse, disse que estava indo embora.
(Sideral)



João lia um bilhete escrito com a letra tão inclinada dela, enquanto tomava um capuccino sentado na mesma mesa de sempre, do mesmo café de sempre.
Ele parecia tão tranqüilo, tão pouco e procurava nas pessoas que passavam na calçada por uma menina magra, que usasse all star e camiseta de menino e mesmo assim fosse tão sua, mas não a encontrou e aquele bilhete era a confirmação que ela não viria.
Chegou em casa e mais uma vez correu na direção do armário dela, mas não tinha nada lá, sentou ao lado do Bob, fez carinho nele e sorriu, mas não sentia o sorriso.
Ela foi embora e a carne de João doia enquanto ele fazia o prato vegetariano preferido dela e pensava "Minha Paula" e segurava a vontade de ligar, segurava.



quarta-feira, 6 de abril de 2011

Moscovitz.


Descreva Alguém que conhece:

O cabelo dele, à primeira vista, parece apenas escuro, mas, ao ser examinado mais de perto, dá para ver que, na verdade, tem muita mechas de castanho, loiro e preto. Ele usa comprido,não porque esteja na moda para os garotos, mas porque está ocupado demais com seus diversos interesses para se lembrar de cortá-lo com regularidade. Seus olhos parecem escuros à primeira vista , também mas na verdade são um caleidoscópio de castanhos avermelhados e mogno, salpicados aqui e ali de rubi ouro, como lagos gêmeos no verão indiano, daqueles que dá a sensação de que é possível mergulhar e nadar para sempre. Nariz: aquilino. Boca: iminentemente beijável. Pescoço: aromático- uma mistura intoxicante de sabão em pó Tide do colarinho da camisa, o creme de barbear Gillete e sabonete Ivory, que juntos, formam: o meu namorado.


( O Diario da Princesa 8 - Meg Cabot.)

Doutor.

Foi bom te ver, saber que você, é feliz.
Impossível te esquecer, lembrar você parece um dom.
(Claudio Zoli)



Eu precisei gritar seu nome algumas vezes pra você me ouvir e quando você virou e me olhou com aquele sorriso de gente decente, eu me encolhi por dentro, por saber que era tudo educação e me perguntaram o que mais eu podia querer, você me tratou bem e eu respondi que não queria aquilo que sua mãe te ensinou, eu queria aquilo que a vida te ensinou.
E pra ser cordial me abraçou, acho que essa é um tipo de regra de convivência de ex-namorados, mas eu senti seu cheiro e me afundei na curva do seu pescoço e só queria te pedir um beijo, pra não usar minha boca pra ser legal e você me contando da sua nova vida, dos seus filhos,da faculdade de medicina, dos seus pais e eu dizendo que estava tudo na mesma pra mim, porque eu não tinha mais quem me agitasse.
Eu fechei os olhos quando você disse "então até logo", foi só por um segundo, você não reparou, me lembrei que quando nosso fim chegou, você dizia que em breve nos veriamos, em breve nos acertaríamos, era logo, muito logo e mesmo assim, passaram-se anos doutor, anos e olhe só pra você, não está horrível sem mim, está tão bem, e nos vemos, tão logo, tão logo.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Bichinhos de jardim.


Mas só fico aqui parado, sem sentir nada, sem pedir nada, sem querer nada.
(Caio F.)



Eu fui te encontrar e te queria. Minhas pernas tremiam, minhas mãos suavam, me aproximei e esperei, esperei, esperei, mas nada aconteceu!
Chá de cadeira demais pra um amor que parecia grande, mas não foi e então o amor se tornou tão pouco que passou pelo vão entre meus dedos e foi embora. Eu precisei repensar todo o discurso que eu ensaiei na frente do espelho, porque eu ia te pedir de volta, mas não vou mais.
Então pensei em começar dizendo que eu não sei sentir mais nada por você e vim te dar tchau. Sem presentes, despedidas, lágrimas, nada, nada, nada mais, porque eu não senti nada.
E vim te dar esse adeus salgado e indiscreto que despi minhas verdades e mostra que eu não sei mais nada, pois tudo se perde quando não se tem o que sentir.