domingo, 6 de novembro de 2011

Quem é você?


Ele estava em um banco, com os cotovelos apoiados no balcão do bar. Ela abriu a porta, era pequena, mas sempre fez ele sentir coisas enormes.
Trouxe?
(Ela colocou os dedos no ombro dele e pode sentir a corrente elétrica percorrer seu corpo)
Trouxe.
(Ele indicou com os olhos o violão jogado no chão)
Então eu vou indo!
Não quer beber?
Não afogo minhas magoas.
Você não tem.
Talvez enquanto tinha você, não mesmo.
Ainda me tem.
Você foi só mais um, mais um que transformou meu céu azul em cinza e nunca conseguiu se doar. Nunca tive você, só teus restos.
(Os dedos dele tocaram o rosto dela)
Cinza também é importante.
Mas eu já não sou mais!
Você ainda é mais, mais que as outras, mais que tudo aqui.
Eu vou embora.
Não foge, me leva com você. Me leva daqui, de mim.
Por que? Pra que?
Porque eu ainda quero mais... Quero você!
Eu vou embora.
(Ela pegou o violão e passou a alça em um ombro)
De novo?
Vou
(Ela caminhou na direção da porta.)
Ei, não conta pra ninguém, mas eu senti saudades.
(Ela sorriu enquanto o vento batia em seu rosto)
E eu ainda sinto, te sinto.
(Ele não podia mais ouvir)