Eu sou assim.

A festa rolava, as luzes piscavam loucamente, todos os adolescentes bebiam, nem sabiam o que tinha em seus copos, mas mesmo assim bebiam, muitos beijos na boca, muita gente abraçada, pulavam como se o mundo estivesse passando por um terremoto, como se nada mais importasse. Ela estava encostada na parede, os braços cruzados, como um escudo protegendo ela do tumutuo, os olhos nao se acostumavam com as luzes, o ritmo da musica nao a contagiava, todos a ofericiam os copos para que bebesse, ela dizia que nao, eles insistiam, ela continuava firme, nao podia trair suas convicçoes, sempre vinha um menino a puxando pra dançar, ela educadamente se afastava dele, deixava ele dançando sozinho. Ali na parede, encostada ela percebeu o quanto era diferente, o quanto nada daquilo fazia ela se sentir bem, o quanto ela se sentia ridicula naquela festa, com aquelas pessoas, então ela resolveu fugir, era melhor que encarar todos aqueles olhos que a encaravam, que achavam ela diferente demais para estar com eles.